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Fala pessoal, tudo beleza?

Uma jornalista fera amiga minha indicou um pouco de cultura para nós homens! Segue a dica de Tatiane Bardi.

A partir de um conto de Moisés Vasconcelos, companhia mostra em 14 cenas a diversidade de elos estabelecidos entre os gêneros masculino e feminino.

O centenário Teatro Polytheama, em Jundiaí, recebe, nessa sexta-feira (20), a partir

das 20 horas, o espetáculo EleEla, da Anacã Cia de Dança. A apresentação integra a

programação da Virada Jundiaí, que se estende durante o fim de semana com atrações

gratuitas por toda a cidade. Para falar de amor, sete casais representam um nascimento às

avessas: em vez de ser da mulher que nasce o homem, é do homem que nasce a mulher – uma alusão ao mito de Adão e Eva, que inaugura as possibilidades de relação entre homens e mulheres.

Para o coreógrafo Edy Wilson, a atração é o que norteia desde o princípio esses dois

indivíduos: “Queremos desconstruir a ideia do príncipe encantado, aquele pensamento de que existe um homem e uma mulher perfeitos para cada pessoa em algum lugar do mundo”. Do jogo de sedução às promessas de amor eterno, dos olhares ao desejo, da Cinderela às farras amorosas e sexuais: na obra, todas essas fases são atravessadas pelo amor, pelo arroubo do sentimento, mas vividas e sentidas diferentemente por cada um dos gêneros. “A ideia do ‘príncipe’ ou ‘princesa’ ainda é atual para muita gente. Este conceito de parceiro ideal ainda habita a cabeça das pessoas, mas as buscas por essa metade idealizada frustra, porque não se concretiza nunca”, explica o coreógrafo.

No palco, o coreógrafo passeia por diferentes formações, entre solos, duos e trios e,

especialmente, conjuntos para explorar temas como a dualidade entre homem e mulher, os

jogos de sedução entre essas duas figuras, a sensualidade, a ilusão e a ingenuidade do amor romântico. São 14 cenas, 14 bailarinos e o jazz sendo pontuado em meio à construção de uma cena absolutamente contemporânea. “Todos eles sentem o mesmo desejo, mas com

intensidades diferentes. Quero mostrar outras nuances de atitudes de desejo”, diz Edy Wilson.

  • Amor de dentro para fora

    O figurino desenvolvido pela estilista Úrsula Félix se alinha com essa concepção. Por

    mais de dez anos ela atuou como diretora criativa do ateliê de Tânia Agra, que, além de sua mãe, é uma das mais conceituadas figurinistas de trajes de balé clássico do país. Para EleEla, Úrsula desenvolve um design que migra gradualmente, a cada cena, de tons terrosos para tons quentes, com destaque para os sapatos de salto que as bailarinas ostentam nos pés – um ícone jazzístico por excelência.

    Conhecido por seu trabalho na criação de músicas voltadas para dança

    contemporânea, o músico jundiaiense Divanir Gattamorta, do Departamento de Artes

    Corporais da Unicamp, se arrisca pela primeira vez na composição para uma obra de dança jazz. Ao misturar influências, ele trilha um caminho nada óbvio para o gênero, desafiando o ouvido dos bailarinos, convocados por Edy Wilson a imprimirem suas individualidades em cada movimento.

    Quem assina a cenografia é o jovem e premiado artista plástico Lucas Simões, que

    reflete em suas obras uma forte conexão com a arquitetura, visto que sua construção de

    recortes, sobreposições e padrões geométricos naturalmente geram a ilusão de profundidade e perspectiva.

  • Ficha Técnica

    Direção Executiva: Ana Maria Diniz

    Direção Geral: Helô Gouvêa

    Direção Artística e Coreografia: Edy Wilson De Rossi

    Maitre de Ballet: Eduardo Bonnis

    Trilha Sonora: Divanir Gattamorta

    Designer de Luz e Direção Técnica: Raquel Balekian

    Cenografia: Lucas Simões

    Figurinos: Úrsula Felix

    Texto: Bruna Martins

    Narração: Bruna Mafra

    Fotos: Ronaldo Winter Caracas; Tomas Kolisch; Renan Livi

    Designer Gráfico: Charles Camargo

    Produção: Elinah Jacqueline

    Elenco: Allan Marcelino – Alexssandro Silva – Bruno de Paiva – Carolina de Sá – Camila Carolina –

    Daniela Correa – Jéssica Fadul – Jonatha Martins – Karine Miranda – Letícia Alfenas – Michael

    Martins – Rafael Luz – Rafael Trevisan – Thaynara Gomes.

    Patrocínio: Banco Itaú / Ministério da Cultura

    Apoio: Estúdio Anacã, Só Dança, Balletto

  • ANACÃ CIA DE DANÇA

    Em 2012, Helô Gouvêa e o coreógrafo Edy Wilson se encontraram durante o Passo de

    Arte e o Festival de Dança de Joinville, no qual atuaram como júri e professores. Edy havia acabado de se desligar da Raça Cia de Dança, onde atuava como diretor. Conversa vai, conversa vem, Helô fez o convite para que ele e sete bailarinos pudessem trabalhar e ensaiar no Estúdio Anacã, inaugurado por ela dois anos antes em sociedade com Ana Maria Diniz.

  • Surgia assim a pedra fundamental da Anacã Cia. de Dança.

    Logo veio a ideia de montar um espetáculo, Principiar, que estreou em junho de 2013

    fazendo uma reflexão justamente sobre o início desse novo rumo nas carreiras de Edy, Helô e dos bailarinos. A assinatura coreográfica que seria buscada já se anunciava nesse momento.

    Os apoios conquistados nesses primeiros passos são frutos de uma dinâmica singular

    que a companhia construiu para si ao se instalar em uma escola de dança frequentada por mais de mil alunos divididos em duas unidades, o que tem se revelado positivo tanto para o grupo quanto para o próprio estúdio. Há ainda outro braço da Anacã dedicado à formação técnica. Além de seus 14 bailarinos e 4 estagiários, a companhia oferece aulas gratuitas a 24 talentos escolhidos via audição que podem assim vivenciar um pouco da rotina de trabalho de um profissional de dança e se especializar para o mercado de trabalho.

    Em 2015, a convite da Secretaria de Cultura do Estado, realizou uma circulação pelo

    interior, nas cidades de Regente Feijó, Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulista, Ibitinga, Jaú e Agudos, dentro da programação do Circuito Cultural Paulista, e recentemente por cinco Fabricas de Cultura na cidade de São Paulo.

    Agora com o patrocínio do Itaú, a companhia leva Brasil afora a sua segunda obra,

    EleEla. A Anacã Cia de Dança – Edy Wilson e Helô Gouvêa

    Helô Gouvêa e Edy Wilson são os dois artistas responsáveis pela ‘criança’ Anacã, que

    completa quatro anos de vida em 2016 (sua fundação foi em agosto de 2012). Ambos

    trilharam caminhos diferentes na dança, mas a partir de 2012 uniram-se para criar a

    companhia que colocaria o jazz na pauta da dança novamente. Assim nasceu a Anacã Cia de Dança, que abraçou o jazz como linguagem-motriz e é composta atualmente por 14 bailarinos jovens, com idade média entre 19 e 28 anos. Além dos artistas que compõem o grupo, há 28 alunos bolsistas que integram o projeto.

    Com 30 anos de carreira profissional, Edy Wilson teve sua primeira experiência

    profissional em Assis, com Charlie Linhares, quando integrou o Corpo de Baile Municipal da cidade. Nessa cidade também se graduou em Educação Física, o que foi bastante importante para seu amadurecimento corporal. Em 1993, viajou pela primeira vez ao Festival de Dança de Joinville quando conheceu Roseli Rodrigues (1955-2010), coreógrafa da Raça Cia. de Dança e referência no desenvolvimento de uma linguagem brasileira de jazz dance, marcada pela criação de obras que apostavam na polirritmia e na orquestração de grandes grupos. Com ela Edy montou coreografias, ganhou prêmios e em paralelo, atuou como preparador corporal dos atores dos musicais “Vitor ou Vitória” (2001), estrelado por Marília Pera e dirigido por Jorge Takla, e “Godspell” (2002), dirigido por Miguel Falabella, além de ter participado de montagens de vários shows pelo Brasil.

    Com suas obras autorais, Edy conquistou prêmios de melhor coreógrafo em importantes eventos como o Passo de Arte (2001) e o Festival de Dança de Joinville (2006), o

    que lhe garantiu uma participação na Bienal de Dança de Lyon, na França. “Tive uma influência muito grande da dança contemporânea, mas isso veio do próprio jazz, que permitia a criação de um movimento a partir de outro, ou seja, você nunca precisava imitar ou reproduzir o mesmo movimento sempre. Assim meu olhar para a dança jazz ficou contemporâneo”, avalia o coreógrafo que, no ano seguinte, estreava Principiar, seu primeiro trabalho à frente do novo grupo, e agora está envolvido na circulação do segundo EleEla.

  • Helô Gouvêa completa em 2016, nada menos que 46 anos de dedicação à dança. Sua

    paixão pelo jazz veio junto com seus anos de intercâmbio com os mestres americanos, nosmeados dos anos 1970 e 1980, quando viajava aos EUA e trazia para o Brasil as novas técnicas difundidas pelos professores de lá. Assim foi com Lennie Dale (1934-1994), ex-dançarino do mestre da Broadway Jerome Robbins (1918-1998) e criador do lendário grupo Dzi Croquettes.

    Helô, nessa época, viajou por inúmeros estados brasileiros criando escolas, dando aulas, compartilhando a técnica que alimentava sua alma: a dança jazz.

    Helô teve professores e parceiros de aula ilustres – e ícones de suas gerações – como

    Renée Gumiel (1913-2006), Kitty Bodenheim (1912-2003), Klauss Vianna (1928-1992), Joyce Kermann (1955-2006), Mônica Japiassú, Ruth Rachou, entre outros grandes nomes.

  • Na turma com Renée, era a caçula nas aulas em que os alunos eram Thales Pan Chacon (1956-1997),Ivaldo Bertazzo e Célia Gouvêa. Anos mais tarde deu aulas para a atriz Claudia Raia e para a empresária Ana Maria Diniz, hoje sua sócia no Estúdio Anacã, escola profissional que reúne mais de mil alunos em aulas disputadas, atualmente em duas unidades paulistanas: uma na

  • Avenida Brasil e outra na Avenida Henrique Schaumann.

    SERVIÇO | EleEla – Anacã Cia de Dança

    Data: 20 de maio de 2016 (sexta-feira).

    Horário: 20 horas.

    Local: Teatro Polytheama – Rua Barão de Jundiaí, 868 – Centro, Jundiaí (SP).

    Ingressos: Gratuitos

    Informações: (11) 4521-6922 / 4521-1430.

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